Papelada da Justiça de MS começa a desaparecer com digitalização histórica de 8 milhões de processos

Lachesia Inagolor
By Lachesia Inagolor 5 Min Read
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O destino da gigantesca papelada da Justiça de Mato Grosso do Sul começa a mudar com a digitalização de 8 milhões de processos, uma verdadeira virada de página no modo como o Judiciário estadual lida com sua própria história. A digitalização de 8 milhões de processos é conduzida com rigor e método por equipes da Diretoria de Memória e Gestão Documental, que há mais de dois anos classificam, escaneiam e avaliam cada volume arquivado em galpões abarrotados de documentos nas Moreninhas, em Campo Grande. O projeto não apenas revoluciona a logística judiciária como também protege o passado processual de MS com zelo quase arqueológico.

A digitalização de 8 milhões de processos segue critérios técnicos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça e já separou cerca de 250 mil ações, das quais 100 mil foram digitalizadas com sucesso. Mas nem todo papel se transforma em pó: parte desse acervo carrega valor histórico imensurável. São processos de escravidão, da Guerra do Paraguai, inventários usados para obtenção de cidadania e até documentos sobre figuras misteriosas como a chamada bruxa da Sapolândia. Esse tesouro jurídico não será triturado. Ele será guardado como testemunho da história sul-mato-grossense e brasileira.

A estrutura atual da digitalização de 8 milhões de processos opera em dois galpões divididos entre arquivos da capital e do interior do Estado. Os documentos classificados como elimináveis são descartados conforme um cronograma rígido. Após a digitalização, a eliminação só ocorre depois da análise por duas comissões e da publicação de edital, respeitando um prazo legal de contestação. A trituração, sempre acompanhada por servidores, garante segurança e cumpre a Lei Geral de Proteção de Dados. O papel destruído é reciclado e o dinheiro arrecadado destinado a instituições beneficentes, sem passar pelas mãos do Judiciário.

Entre três a quatro operações de descarte são realizadas anualmente. Em uma das maiores, 23 toneladas de papel foram eliminadas de uma só vez. O objetivo da digitalização de 8 milhões de processos é otimizar espaço físico, poupar recursos e centralizar a memória judicial em um único prédio próprio. Hoje, parte dos arquivos permanece espalhada pelas 54 comarcas do Estado. A intenção é unificar tudo em Campo Grande, com segurança, tecnologia e um olhar cuidadoso sobre os registros que fazem parte da identidade institucional e cultural do Mato Grosso do Sul.

O trabalho de digitalização de 8 milhões de processos é meticuloso. Antes de qualquer digitalização, é preciso classificar minuciosamente os processos por sua temporalidade e relevância. A diretora Zeli Paim lembra que não seria racional contratar uma empresa de digitalização sem essa triagem inicial, pois significaria desperdiçar dinheiro público. A lógica invertida — classificar antes de escanear — trouxe resultados sólidos e sustentáveis, tornando o processo um modelo que pode ser replicado em outros estados brasileiros.

Ao mesmo tempo em que organiza sua história, o Judiciário sul-mato-grossense cria oportunidades para pesquisa acadêmica e preservação da memória institucional. A digitalização de 8 milhões de processos já atraiu estudiosos do Brasil e do exterior interessados nos acervos de processos raros. Há teses, livros e estudos inspirados em documentos resgatados do pó dos arquivos. Isso mostra que o valor da digitalização de 8 milhões de processos vai muito além da eficiência administrativa: ela é também um resgate cultural.

A etapa atual é só o começo de uma década de trabalho. Mesmo com toda a dedicação da equipe, a digitalização de 8 milhões de processos deverá continuar por pelo menos mais dez anos. A expectativa é de que esse esforço transforme definitivamente a estrutura documental da Justiça em Mato Grosso do Sul. Ao fim, a digitalização de 8 milhões de processos não será apenas uma modernização: será um marco de civilização, onde memória, tecnologia e ética se encontram para construir um Judiciário mais ágil, transparente e comprometido com o futuro — sem esquecer do passado.

Autor: Lachesia Inagolor

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